segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sentidos e Significados...

Falar sobre pessoas não é, de forma alguma, um desafio para mim! Talvez a parte mais complicada seja escolher um único tema por vez para esta breve coluna. Sim, pois em cada incursão que eu faça, seja no centro da cidade de Curitiba, ou no interior do Espírito Santo, passando por aeroportos e rodovias, em todo o lugar existem milhares de histórias e novos saberes.
E foi exatamente na multiplicidade de lugares em que estive nesta última semana, e na diversidade das pessoas com que tive a extraordinária oportunidade de conversar, que percebi algo que me deixou apreensivo: estamos perdendo nossa sensibilidade para dar significado aos diferentes momentos da vida!
Já há algum tempo que desejo escrever sobre a "pressa", a maneira como temos lidado com o tempo hoje, quando tudo é "urgente", quando já não sabemos mais definir prioridades pela importância real das coisas e pessoas. Porém, mais do que a pressa e o que a gera, é seu impacto nas relações humanas sobre o que eu quero conversar.
Andamos tão rápido ultimamente, que já não temos mais tempo de sentir. É, eu sei, é estranho ler isso, não é!? Mas, por um minuto (se você o tiver), pare e pense: quando foi a última vez em que você se deu o imenso prazer de dedicar tempo para algo, de maneira que lhe permitisse perceber o significado desse momento!?
Eu sei, eu sei, o trabalho, responsabilidades, tudo agora parece sempre "para ontem". São clientes, fornecedores, concorrentes, esposas e maridos, filhos e empregados, todos estão com pressa, todos precisam correr para atender a todos! Porém, nesta correria, nossos sentidos têm ficado confusos, estamos nos anestesiando, parando de sentir, de perceber. Olhamos, sim, até buscamos observar algumas coisas, quando nos pedem, quando nos impelimos este exercício, porém, de verdade, não estamos sentindo e, desta maneira, não conseguimos mais criar significado para pessoas, cenários, objetos e situações.
Tudo parece ter que possuir uma "utilidade" e não mais um significado. Nossos presentes, lazeres, gostos e encontros, tudo deve "servir para algo".
Sempre que leio, assisto a um bom filme ou estudo um determinado tema, tenho a imensa vontade de compartilhar as ideias que me surgem. As pessoas gostam, brincam com a maneira com que narro as histórias com paixão e, por fim, comentam que não haviam percebido "tudo isso" no filme, ou as nuances do livro, sem falar que poucos ainda estudam algo por prazer, sem que haja uma obrigatoriedade.
Mas não sou um arauto apocalíptico, pregando o fim da subjetividade e da consciência humana. Na verdade, tudo isso, todo este fundamento é para lhes propor apenas uma coisa: dêem mais significado à vida!
Convide um amigo para um café. Vá sem pressa, sente-se, sorria, observe a dinâmica do mundo ao seu redor, deguste do café e da conversa. Procure não pensar o que fará com o que ouvir ali, apenas ouça!
Namore, mas sem roteiros. Sai para jantar, sem ter em mente que prato, vinho ou sobremesa vai pedir. Leia o cardápio, se dê o direito de escolher e escolha algo diferente!
A vida é a soma de um sem número de momentos e experiências, faça com que eles valham a pena, perceba o mundo e as pessoas e lhes dê significado!
Lembre-se de Aldous Huxley que já dizia:
"Experiência não é o que acontece com você, mas o que você faz com o que acontece com você!
Use seus sentidos, dê significado às suas experiências!


Rafael Giuliano,
mais do que observando a vida, experimentando cada novo sabor que ela tem a oferecer!



5 comentários:

  1. Oi Rafael, parabéns pelo texto!
    Acho de extrema importância tocar nestes assuntos que, infelizmente, são tão raros de encontrarmos em nosso dia-a-dia.

    Tenho dois pontos para acrescentar:
    Primeiro, uma possível explicação para isso seja a forma como lidamos com o tempo. Não o vemos como "companheiro" e, sim, como inimigo.
    Sem contar as velhas frases "Tempo é dinheiro", que realmente me assustam...rs. Acredito que a partir do momento que passarmos a enxergar o tempo como algo a nosso favor, vamos desacelerar e aprender a apreciar melhor as coisas.

    Outro ponto diz respeito ao significado. Somos educados a viver para suprir necessidades (necessidade de comer, de se relacionar, de dormir, enfim),como se todas as capacidades humanas se reduzissem a "cumprir tarefas". Simplesmente negligenciamos todas as habilidades em amar, pensar e sentir. Tudo o que é "subjetivo" passou a ficar em segundo plano.

    Um exemplo, tenho pensando muito na questão de dar significado ao meu trabalho. E é interessante (pra não dizer "assustador") o quanto as pessoas se espantam quando conto o que tenho feito para conseguir trabalhar com o que gosto. As reações sempre se resumem a "Ah, isso é luxo". Será?

    Para resolver estas questões, penso que devemos nos ver como agentes de transformação. É bem verdade que muitas crenças erradas foram "implantadas" em nossa mente, mas não podemos usar isto como justificativa para tudo. Ao contrário, agora que sentimos as consequências destas crenças, é que devemos nos esforçar ainda mais para criar novos modelos mentais.

    Bem, pra vc entender o quanto tenho pensado nisso (principalmente em relação ao trabalho), sugiro que você leia dois posts que preparei em meu blog:

    Por que não devemos sobreviver ao trabalho:
    http://simonesolidade.blogspot.com.br/search?updated-max=2011-05-20T17:09:00-07:00&max-results=5

    E

    O que escolhemos ser quando crescemos
    http://simonesolidade.blogspot.com.br/2012/05/o-que-escolhemos-ser-quando-crescemos.html

    Espero que goste dos textos e que contribua com suas reflexões!

    Beijos,

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  2. Concordo plenamente Rafael, hoje parece que não podemos "perder tempo" com nada.

    E sobre a sua facilidade para falar sobre pessoas e trabalho, creio que exista uma razão: você gosta do que faz. Isso é um privilégio de poucos!

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    1. Pois é Gustavo, e o "engraçado" é que quanto mais corremos menos tempo temos e pouco está, de fato, sendo melhorado!
      Gosto muito da crítica do filme "O Preço do Amanhã", com uma referência direta à maneira equivocada como nos relacionamos com nosso tempo e seu real valor! Corremos contra o tempo para ter mais "tempo", sobrando muito pouco para vivê-lo!

      Com apreço,
      RGiuliano

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  3. Simone,
    Sua visão está bem alinhada com o que tenho percebido como necessário no resgate do que é essencial!
    Lerei seus textos e os comentarei, com certeza!

    Com apreço,
    RGiuliano

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  4. Sabe, seu texto expressou um grito de socorro meu quanto à pressão que os valores externos causam em mim.
    Mudança, já!
    Abraços e obrigada por compartilhar!

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